1 Acolhida
2 Oração Inicial
3 Tema do Mês
Jesus, José e Maria inauguram uma nova forma de relacionar com Deus
A capacidade de Maria de viver do olhar de Deus é, por assim dizer, contagiosa. O primeiro que fez essa experiência foi São José. O seu amor humilde e sincero à sua noiva e a decisão de unir a sua vida à de Maria atraiu e introduziu também a ele, que já era um «homem justo» (Mt 1, 19), numa intimidade singular com Deus. De fato, com Maria e depois, sobretudo, com Jesus, ele dá início a uma forma nova de se relacionar com Deus, de o acolher na própria vida, de entrar no seu projeto de salvação, cumprindo a sua vontade. (Papa Bento XVI) [1]
Na edição anterior da Semente de Espiritualidade Josefina[2] vimos, a partir do ensinamento do Papa São João Paulo II, que todas as ações de São José no Lar de Nazaré eram envolvidas pelo silêncio, num clima de profunda contemplação. Relembremos:
Também quanto ao trabalho de carpinteiro na casa de Nazaré se estende o mesmo clima de silêncio, que acompanha tudo aquilo que se refere à figura de José. Trata-se, contudo, de um silêncio que desvenda de maneira especial o perfil interior desta figura. Os Evangelhos falam exclusivamente daquilo que José “fez”; no entanto, permitem-nos auscultar nas suas “ações”, envolvidas pelo silêncio, um clima de profunda contemplação. José estava quotidianamente em contato com o mistério “escondido desde todos os séculos”, que “estabeleceu a sua morada” sob o teto da sua casa. (São João Paulo II) [3]
O Papa Bento XVI, em sua catequese de 28/12/2011 a qual estamos estudando nestes meses, nos ensinou que “tal como qualquer família judia cumpridora da lei, os pais de Jesus vão ao templo para consagrar a Deus o primogénito e para oferecer o sacrifício”.[4] E destaca que José e Mara dão à sua peregrinação um sentido mais completo: a peregrinação da fé, da oferta dos dons, símbolo da oração, e do encontro com o Senhor, que Maria e José já veem no filho Jesus”. Ouçamos o Papa Bento XVI:
Das narrações evangélicas sobre a infância de Jesus podemos tirar alguns temas sobre a oração, sobre a relação com Deus, da Sagrada Família. Podemos começar a partir do episódio da apresentação de Jesus no templo. São Lucas narra que Maria e José, «quando se cumpriu o tempo da sua purificação, segundo a lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para O apresentar ao Senhor» (2, 22). Tal como qualquer família judia cumpridora da lei, os pais de Jesus vão ao templo para consagrar a Deus o primogénito e para oferecer o sacrifício. Movidos pela fidelidade às prescrições, partem de Belém rumo a Jerusalém com Jesus que tem apenas quarenta dias: em vez de um cordeiro de um ano apresentam a oferta das famílias simples, ou seja, duas pombas. A da Sagrada Família é a peregrinação da fé, da oferta dos dons, símbolo da oração, e do encontro com o Senhor, que Maria e José já veem no filho Jesus. (Papa Bento XVI)[5]
O Papa Bento XVI nos ensinou, também, que não apenas nos momentos de peregrinação, mas em todos os momentos do seu dia a dia José e Maria praticavam o diálogo acolhedor e o silêncio contemplativo. Que Maria e José ajudavam-se mutuamente neste crescimento do espírito de oração e contemplação. Primeiramente o Papa fala de Maria e ensina que “a contemplação de Cristo tem em Maria o seu modelo insuperável”[6]. Ouçamos o Papa Bento XVI:
A contemplação de Cristo tem em Maria o seu modelo insuperável. O rosto do Filho pertence-lhe a título especial, porque foi no seu seio que se formou, assumindo dela também um semblante humano. Ninguém se dedicou à contemplação de Jesus com tanta assiduidade como Maria. O olhar do seu coração concentra-se sobre Ele já no momento da Anunciação, quando O concebe por obra do Espírito Santo; nos meses seguintes sente pouco a pouco a sua presença, até ao dia do nascimento, quando os seus olhos podem fixar com ternura materna o rosto do Filho, enquanto o envolve em faixas e o coloca na manjedoura. As recordações de Jesus, gravadas na sua mente e no seu coração, marcaram cada momento da existência de Maria. Ela vive com os olhos postos em Cristo e valoriza cada uma das suas palavras. «Quanto a Maria, conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração» (Lc 2, 19), assim apresenta são Lucas a atitude de Maria diante do Mistério da Encarnação, atitude que se prolongará por toda a sua existência. Lucas é o evangelista que nos faz conhecer o Coração de Maria, a sua fé (cf. 1, 45), a sua esperança e obediência (cf. 1, 38),a sua interioridade e oração (cf. 1, 46-56), a sua adesão livre a Cristo (cf. 1 55).E tudo isto procede do dom do Espírito Santo que desce sobre Ela (cf. 1, 35),como descerá sobre os Apóstolos segundo a promessa de Cristo (cf. Act 1, 8).Esta imagem de Maria apresenta-a como modelo de cada crente que conserva e confronta as palavras e as ações de Jesus, um confronto que é sempre um progredir no conhecimento d’Ele. Na esteira do beato João Paulo II (cf. Carta ap. Rosarium Virginis Mariae) podemos dizer que a recitação do Rosário tem o seu modelo precisamente em Maria, porque consiste em contemplar os mistérios de Cristo em união espiritual com a Mãe do Senhor. (Papa Bento XVI)[7]
Depois, o Papa Bento XVI fala de José e nos ensina que ele foi o primeiro a apender com Maria, inicialmente, e depois com Jesus, “uma forma nova de se relacionar com Deus, de o acolher na própria vida, de entrar no seu projeto de salvação, cumprindo a sua vontade” [8]. Ouçamos o Papa Bento XVI:
A capacidade de Maria de viver do olhar de Deus é, por assim dizer, contagiosa. O primeiro que fez essa experiência foi são José. O seu amor humilde e sincero à sua noiva e a decisão de unir a sua vida à de Maria atraiu e introduziu também a ele, que já era um «homem justo» (Mt 1, 19), numa intimidade singular com Deus. De fato, com Maria e depois, sobretudo, com Jesus, ele dá início a uma forma nova de se relacionar com Deus, de o acolher na própria vida, de entrar no seu projeto de salvação, cumprindo a sua vontade. Depois de ter seguido com confiança a indicação do Anjo — «não temas receber Maria, tua esposa» (Mt 1, 20) — ele tomou consigo Maria e partilhou a sua vida com ela; entregou-se deveras totalmente a Maria e a Jesus, e isto conduziu-o à perfeição da resposta à vocação recebida. (Papa Bento XVI)[9]
Jesus, José e Maria inauguram uma forma nova de se relacionar com Deus na qual a contemplação e a laboriosidade se complementam de modo maravilhoso, como veremos na próxima edição da Semente de Espiritualidade Josefina.
4 Reflexão e Partilha
Partilhar sobre as os ensinamentos dos Papa Bento XVI contidas nesta Semente de Espiritualidade Josefina.
5 Compromisso do Mês
Exercitar-se na prática de realizar as atividades do dia a dia em espírito de oração, silêncio e contemplação.
6 Oração Final
[1] Papa Bento XVI. Audiência Geral. Sala Paulo VI. Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011.
[2] Centro Internacional Josefino-Marelliano. Semente de Espiritualidade Josefina de setembro de 2022. Tema: O acolhedor silêncio de José de Nazaré
[3] São João Paulo II. Exortação Apostólica Redemptoris Custos, 25. O primado da vida interior.
[4] Papa Bento XVI. Audiência Geral. Sala Paulo VI. Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011.
[5] Papa Bento XVI. Audiência Geral. Sala Paulo VI. Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011.
[6] Papa Bento XVI. Audiência Geral. Sala Paulo VI. Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011.
[7] Papa Bento XVI. Audiência Geral. Sala Paulo VI. Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011.
[8] Papa Bento XVI. Audiência Geral. Sala Paulo VI. Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011.
[9] Papa Bento XVI. Audiência Geral. Sala Paulo VI. Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011.
