Família de Nazaré, modelo de relação filial com Deus Pai (Semente de Espiritualidade Josefina. Novembro/2022)

1 Acolhida

2 Oração Inicial

3 Tema do Mês

Família de Nazaré, modelo de relação filial com Deus Pai

No episódio de Jesus com doze anos são registadas também as suas primeiras palavras: «Por que me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa de Meu Pai»?» (Mt 2, 49)… a partir de então, a vida na Sagrada Família ficou ainda mais repleta de oração, porque do Coração de Jesus menino — e depois adolescente e jovem —jamais deixará de se difundir e refletir nos corações de Maria e de José este sentido profundo da relação com Deus Pai. Este episódio mostra-nos a verdadeira situação, a atmosfera do estar com o pai. Assim, a Família de Nazaré é o primeiro modelo da Igreja no qual, em volta da presença de Jesus e graças à sua mediação, todos vivem a relação filial com Deus Pai, que transforma também as relações interpessoais, humanas. (Papa Bento XVI)[1]

Na edição anterior da Semente de Espiritualidade Josefina[2] vimos, a partir do ensinamento do Papa Bento XVI que São José o primeiro a apender, incialmente com Maria e depois com Jesus, “uma forma nova de se relacionar com Deus, de o acolher na própria vida, de entrar no seu projeto de salvação, cumprindo a sua vontade” [3]. Relembremos:

A capacidade de Maria de viver do olhar de Deus é, por assim dizer, contagiosa. O primeiro que fez essa experiência foi são José. O seu amor humilde e sincero à sua noiva e a decisão de unir a sua vida à de Maria atraiu e introduziu também a ele, que já era um «homem justo» (Mt 1, 19), numa intimidade singular com Deus. De fato, com Maria e depois, sobretudo, com Jesus, ele dá início a uma forma nova de se relacionar com Deus, de o acolher na própria vida, de entrar no seu projeto de salvação, cumprindo a sua vontade. Depois de ter seguido com confiança a indicação do Anjo — «não temas receber Maria, tua esposa» (Mt 1, 20) — ele tomou consigo Maria e partilhou a sua vida com ela; entregou-se deveras totalmente a Maria e a Jesus, e isto conduziu-o à perfeição da resposta à vocação recebida. (Papa Bento XVI)[4]

O Papa Bento XVI nos ensina que “José cumpriu plenamente o seu papel paterno, sob todos os aspectos” e apresenta detalhes de como foi o relacionamento dos membros da Família de Nazaré entre si o qual os levou uma plena comunhão entre si e com Deus Pai. Após seus preciosos comentários o Papa sintetiza-os ao apontar que “a Família de Nazaré é o primeiro modelo da Igreja no qual, em volta da presença de Jesus e graças à sua mediação, todos vivem a relação filial com Deus Pai” [5]. Ouçamos:

O Evangelho, como sabemos, não conservou palavra alguma de José: a sua presença é silenciosa mas fiel, constante, laboriosa. Podemos imaginar que também ele, como a sua esposa e em íntima consonância com ela, tenha vivido os anos da infância e da adolescência de Jesus deleitando-se, por assim dizer, com a sua presença na família. José cumpriu plenamente o seu papel paterno, sob todos os aspectos. Certamente educou Jesus na oração, juntamente com Maria. Ele, em particular, tê-lo-á levado consigo à sinagoga, aos ritos do sábado, assim como a Jerusalém, para as grandes festas do povo de Israel. José, segundo a tradição judaica, terá guiado a oração doméstica quer no dia a dia — de manhã, à noite, nas refeições — quer nas principais festas religiosas. Assim, no ritmo dos dias transcorridos em Nazaré, entre a casa simples e a oficina de José, Jesus aprendeu a alternar oração e trabalho, e a oferecer a Deus também a fadiga para ganhar o pão necessário para a família. (Papa Bento XVI)[6]

Há outro episódio que vê a Sagrada Família de Nazaré reunida num acontecimento de oração. Aos doze anos Jesus vai com os seus ao templo de Jerusalém. Este episódio insere-se no contexto da peregrinação, como ressalta são Lucas: «Seus pais iam todos os anos a Jerusalém pela festa de Páscoa. Quando chegou aos doze anos, subiram até lá, segundo o costume dos dias de festa» (2, 41-42). A peregrinação é uma manifestação religiosa que se alimenta de oração e, ao mesmo tempo, a alimenta. Trata-se aqui da peregrinação pascal, e o Evangelista faz-nos observar que a família de Jesus a vive todos os anos, para participar nos ritos na Cidade santa. A família judia, como a cristã, reza na intimidade doméstica, mas reza também juntamente com a comunidade, reconhecendo-se parte do Povo de Deus a caminho. A Páscoa é o centro e o ápice de tudo isto, e envolve a dimensão familiar e a do culto litúrgico e público. (Papa Bento XVI)[7]

No episódio de Jesus com doze anos são registadas também as suas primeiras palavras: «Por que me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa de Meu Pai»?» (Mt 2, 49). Depois de três dias de procura, os seus pais encontraram-no no templo sentado entre os mestres enquanto os ouvia e lhes fazia perguntas (cf. 2,46). À interrogação por que motivo fizera isto ao pai e à mãe, Ele responde que só fez o que o Filho deve fazer, ou seja, permanecer com o Pai. Assim, Ele indica quem é o verdadeiro Pai, qual é a verdadeira casa, que Ele não fez nada de estranho, de desobediente. Permanecer onde deve estar o Filho, ou seja, com o Pai, e frisou quem é o seu Pai. A palavra «Pai», portanto, predomina sobre a tonalidade desta resposta e manifesta-se todo o mistério cristológico. Por conseguinte, esta palavra abre o mistério, é a chave para o mistério de Cristo, que é o Filho, e abre também a chave para o nosso mistério de cristãos, pois nós somos filhos no Filho. Ao mesmo tempo, Jesus ensina-nos a ser filhos, precisamente no gesto de permanecer com o Pai na oração. O mistério cristológico, o mistério da existência cristã está intimamente ligado, fundado na oração. Um dia, Jesus ensinará os seus discípulos a rezar, dizendo-lhes: quando orardes, dizei «Pai». E, naturalmente, não o digais somente com as palavras, mas com a vossa existência, aprendai cada vez mais a dizer com a vossa existência: «Pai»; e assim sereis verdadeiramente filhos no Filho, autênticos cristãos. (Papa Bento XVI)[8]

Aqui, quando Jesus ainda está plenamente inserido na vida da Família de Nazaré, é importante observar a ressonância que pode ter tido nos corações de Maria e de José ouvir dos lábios de Jesus aquela palavra «Pai», e revelar, sublinhar quem é o pai, e ouvi-la dos seus lábios com a consciência do Filho Unigénito, que precisamente por isso quis permanecer três dias no templo, que é a «casa do Pai». A partir de então, a vida na Sagrada Família ficou ainda mais repleta de oração, porque do Coração de Jesus menino — e depois adolescente e jovem —jamais deixará de se difundir e refletir nos corações de Maria e de José este sentido profundo da relação com Deus Pai. Este episódio mostra-nos a verdadeira situação, a atmosfera do estar com o pai. Assim, a Família de Nazaré é o primeiro modelo da Igreja no qual, em volta da presença de Jesus e graças à sua mediação, todos vivem a relação filial com Deus Pai, que transforma também as relações interpessoais, humanas. (Papa Bento XVI)[9]

4 Reflexão e Partilha

Partilhar sobre as os ensinamentos dos Papa Bento XVI contidas nesta Semente de Espiritualidade Josefina.

5 Compromisso do Mês

Exercitar-se na prática de realizar as atividades do dia a dia em espírito de oração e silêncio.

6 Oração Final


[1] Papa Bento XVI. Audiência Geral. Sala Paulo VI. Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011.

[2] Centro Internacional Josefino-Marelliano. Semente de Espiritualidade Josefina de outubro de 2022. Tema: Jesus José e Maria inauguram uma nova forma de relacionar com Deus.

[3] Papa Bento XVI. Audiência Geral. Sala Paulo VI. Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011.

[4] Papa Bento XVI. Audiência Geral. Sala Paulo VI. Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011.

[5] Papa Bento XVI. Audiência Geral. Sala Paulo VI. Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011.

[6] Papa Bento XVI. Audiência Geral. Sala Paulo VI. Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011.

[7] Papa Bento XVI. Audiência Geral. Sala Paulo VI. Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011.

[8] Papa Bento XVI. Audiência Geral. Sala Paulo VI. Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011.

[9] Papa Bento XVI. Audiência Geral. Sala Paulo VI. Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011.

Deixe um comentário